A gente tem algumas concepções sobre liderança um tanto quanto deturpadas.

A gente cresce pensando que se nasce líder, que as habilidades de liderança são quase como as de um Super-Herói. Ser proativo, comunicativo, eficiente, eficaz, dinâmico, flexivel, extrovertido, focado nos resultados, salva a mocinha e mata o bandido.

É quase como contar a história da Cinderela e dizer que isso acontece todos os dias, naturalmente.

E o que isso tem a ver com os animais, com o meu trabalho atual como adestradora, ou melhor, Educadora Canina?

TUDO!

É tendo guarda de um animal de estimação que descobrimos que líder todo mundo é, querendo ou não, e só basta escolher qual modelo de liderança você quer exercer para aquele ser vivo que tem você como espelho.

Alguma dúvida de que essa reflexão te levará a questionar o líder que você é para si mesmo?

“Não tenho um animal porque dá trabalho.” E dá mesmo, não tenha se essa for sua preocupação.

Há as condições de saúde, alimentação, cuidados e, principalmente, atenção. Atenção ao que o animal comunica a você. Atenção ao que você ensina a ele, mesmo sem querer, não com palavras, mas gestos, expressões, comportamentos, rotinas, etc.

Atenção com sua habilidade de ensinar para quem não sabe interpretar o que você diz ,e agora terá que construir uma nova comunicação com ele. Atenção ao outro que volta para si.

Ter um animal é mais do que ter um companheiro para nossos dias, é mais do que ter um motivo para sorrir ao chegar em casa. É muito mais do que isso. A gente pensa em ter um animal para o nosso bem-estar, mas não é só em nós que devemos pensar quando ele já está em nossos lares.

O quanto você procura entender o que você pode fazer por ele, para que o bem-estar melhore?

Para a boa relação entre ambos? O que você precisaria mudar ou se adaptar?

Aí começou a complicar esse troço de adestrar, não é? Você achou que alguém iria na sua casa e, como em um passe de mágica, faz do seu cão um ser sociável, amável, silencioso, paciente. Nananinanão!

O sucesso é teu, é seu papel como líder (e não se trata do líder da matilha, aquela figura que impõe, que muitos ainda dizem que devemos ter com nossos cães).

Ensinamos o ABC do cão aos tutores, oferecemos as melhores formas e ferramentas de aprendizado, despertamos seu lado “animal”, mas só a consistência e prática daqueles que estão sempre conosco é que trará bons frutos.

Está buscando ser claro e objetivo para seu cão? A comunicação está integrada? Ambos alcançam entendimento mútuo por meio da linguagem não-verbal?

Você está se responsabilizando pelos comportamentos de seu cão? Está tomando pra si a responsabilidade de melhoria?

Você está ensinando com amor e com paciência (sim, porque os animais identificam perfeitamente nossos sentimentos e expressões)? Está aprendendo a aprender, sem colocar culpa em mais ninguém?

Há sim os casos de animais que carregam na genética, na sua linhagem e até em seu período de desenvolvimento (maior aprendizagem) temperamentos muito hostis, que aí nem sempre fomos nós os responsáveis por implantar isso. O desafio é maior, mas não deixa de estar em sua mão o sucesso em transformar comportamentos.

Ser líder é ser responsável pelo resultado de seus liderados. É ser o único responsável pelos seus próprios resultados e fracassos.

Só a frase de Freud poderia finalizar melhor esse texto: “Qual a sua responsabilidade na desordem da qual você se queixa?”